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A relação
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Bem vindos à minha página
Ela representa um esforço,
eine dräng,
como diria Freud, em prol da Psicanálise.
Aqui poderão ser
encontrados
alguns dados sobre minha formação,
minha prática, publicações,
artigos, e também uma
incursão nos campos da tradução
e da literatura através de contos, crônicas
e ensaios de crítica literária.
Seus comentários
serão bem
vindos.
Contar com sua leitura é um
privilégio.
|
A FORMAÇÃO
DA CULTURA
Projeto de entrevistas com intelectuais
Estas entrevistas buscam saber quais
as influências, os episódios que marcaram na vida dos principais
intelectuais riograndenses - desde meu ponto de vista e de minha oportunidade
-, que os levaram a trilhar o caminho da cultura.
Com esse propósito, foram já
entrevistados, desde maio/23, mensalmente, Armindo Trevisan, Maria do Carmo
Campos, Luiz Antonio de Assis Brasil, Tabajara Ruas, José Eduardo
Degrazia, Élvio Vargas, Luís Dill e Leonardo Brasiliense.
Para assistir as entrevistas no YouTube,
e conhecer um pouco desses autores, basta dar um clique no asterisco
*
Notas Psicanalíticas
08
PSICANALISTA
TITULO E NOMINAÇÃO
p/Luiz-Olyntho Telles
da Silva
Se o inteligente ouve uma palavra sábia,
aprecia-a
e acrescenta-lhe algo de seu.
ECLESIÁSTICO,
21:15.
Examinei
todas as ações que se fazem debaixo do sol: na
verdade, não passam de vaidade e correr atrás do vento!
ECLESIASTES,
1:14.
|
Entre as recomendações
de Lacan, destaco esta pergunta a qual devemos nos fazer a cada tanto:
O que é a psicanálise?
Mas então nós
ainda não sabemos? – Se a pergunta procede, então é
verdade, ainda não sabemos o que é a psicanálise! A
esta altura é possível que alguém se pergunte de que
nós estamos falando. Pois lhes antecipo
a resposta: - Lacan fala para os analistas!
Sim, acho que sim.
Lacan nos questiona, a todos os que podemos escutar nessa pergunta
o signo da incompletude, a marca de uma falta. É desde aí
que podemos perguntar pelo direito ao uso do título de
psicanalista e também de quem está autorizado a atribuir
esse título. – Mas nessa pergunta está implícito
também um questionamento ao saber.
Psicanalista é
aquele que reconhece o estatuto do inconsciente e o fenômeno
da transferência. Para Freud, isso parecia ser suficiente. Lacan,
depois de dez anos de seminários regulares, ou, melhor dito,
quase regulares, diz claramente, em 1964, que o inconsciente
não é sem a transferência e, mais, também
não é sem os conceitos de pulsão e repetição.
Quero dizer com isso que hoje se exige do psicanalista um saber conceitual.
Então na época de Freud não se exigia? Gostaria
de afirmar que sim, que se exigia, mas na verdade não estou certo
disso. De um lado, é claro, repetição, pulsão,
transferência e inconsciente são
todos conceitos freudianos. Sobre o conceito de pulsão, por exemplo,
Freud não podia ser mais explícito: conceito
limítrofe entre o somático e o psíquico. Se
quisermos atribuir-lhe uma territorialidade, teremos de dizer que ela
se situa em uma espécie de no man's land, em uma terra de
ninguém, um lugar de fronteira, quase imaginário. Mas não
se trata do Imaginário, precisamos desse conceito para constituir
o Real. A pulsão é tão real que por muito tempo
se pensou tratar-se de um instinto. O que Lacan faz, retomando Freud, é
estabelecer, de modo mais claro e preciso, a relação estrutural,
quer dizer, a interdependência entre esses conceitos.
Para Freud, o conceito
de transferência logo se tornou um dos mais importantes para
a prática analítica e Lacan deu-lhe certa extensão,
criando – salvo melhor aviso – o conceito de transferência
de trabalho. Há quem diga que o conceito já estava
em Freud desde 1914, quando ele fala de durcharbeiten, mas não
é a mesma coisa. O importante, em todo o caso, é tomar em
consideração o fato de que, se existe transferência,
ela precisa ser analisada. Quando não o é, o espaço
analítico fica aberto ao acting-out. Penso nos trabalhos
de cartel em que o objeto da transferência de trabalho nem sempre
está claro. Penso também na quantidade de gente que se diz
psicanalista, movida muitas vezes apenas por um vago sentimento de transferência
imaginária para com o nosso campo.
Freud falava da psicanálise
como de uma Tiefenpsychologie, uma Psicologia das
profundezas. Lacan fala-nos de superfícies, da lógica
das superfícies. Hoje navegamos por águas mais rasas,
mais difíceis, como adivinhou Samuel Clemens, ao adotar o pseudônimo
de Mark Twain.
A questão apresentada
busca saber se aquele que se candidata ao título, ou mesmo aquele
que já o usa, é capaz de encontrar o caminho analítico
através das diferentes rasuras, se domina essa base
conceitual e suas inter-relações, uma vez que o domínio
dos conceitos é sempre muito particular. E mais, nessa averiguação
logo tropeçamos com uma dificuldade: - Desde onde é
possível interrogá-lo? Pois não há de ser
desde onde é exercido o ensino, pois uma das coisas que já
sabemos é que o ensino da psicanálise é enigmático.
Talvez por isso não haja acordo possível quanto ao ensino!
Seguidamente, escutamos
dizer que quando o analista fala, quando dá um seminário,
quando dá uma conferência, ele fala desde o lugar de analisante.
Pois vejamos, Lacan mesmo fala dessa questão em sua Alocução
pronunciada no encerramento do Congresso da Escola Francesa de Psicanálise,
em 19 de abril de 1970, um congresso dedicado ao ensino. Depois de
especificar que o ensino consiste numa transmissão de um saber
tomado como um balouço entre aquele que ensina e aquilo que é
ensinado e da ressalva de que o ensino pode ser tomado como barreira
ao saber, ele fala de seu próprio caso: Je
ne peux être enseigné qu’à la mesure de mon savoir,
et enseignant, il y a belle lurette que chacun sait que c’est
pour m’instruire. – Traduzi-lo-ei assim: Só posso
ser discente na medida de meu saber, e docente, há muito tempo cada
um sabe que é para instruir-me.
Nessa época,
Lacan está concluindo a elaboração de sua teoria
dos discursos e diz que a posição daquele que ensina
é a do sujeito barrado [$], o que não implica haver docente
sempre que haja este.
Isso quer dizer que
o docente se produz ao nível do sujeito, este, como ele mesmo
define, representado pelo significante frente a outro significante,
o que certamente tem suas implicações: se por um lado,
para chegar à docência, o saber deve, de algum modo, ser
saber de amo para ter validez de verdade - como no Discurso do Capitalismo
em que o saber do amo é mediado pela docência:
- por outro lado, o discurso do analista
não se sustentaria se o saber exigisse a mediação
da docência. Por isso mesmo, o saber e a docência são
sempre antagônicos (salvo no Discurso do Capitalismo):
Creio ainda que devamos
tomar em conta que o saber produzido pela psicanálise é
um saber advindo do sono. Todos nos lembramos do período histórico
da hipnose. Na sua evolução, Freud passou a valorizar
o produto do sono, o sonho. Desde então, propomos ao analisante
falar desde a posição deitada, próxima da do sono.
Quando Lacan diz falar desde a posição do analisante, é
desta posição que ele está falando, tal como no
Discurso da Histérica:
Pois uma das primeiras
implicações dessa constatação é
que não podemos dar um valor apodíctico a esses enunciados
e também não podemos tomá-los como equivalentes
à voz de Deus. Isso parece ser o que acontece quando são
repetidos ecolalicamente. Falar como analisante implica em não
produzir nada de maîtr-isable, nada
de am[o]es-trável, apesar da aparência, senão
como sintoma.
É sobre esse
pressuposto que podemos valorizar a posição do analista
como a daquele que não sabe. O psicanalista está no lugar
de insciente. Para ocupar este lugar de semblant de objeto,
antes de tudo precisa estar nesse lugar de insciência. E isso
é o mais difícil de fazer. Em seu seminário sobre
a Interpretação de sonhos, M. Safouan diz que toda
a dificuldade da formação de um analista é formar
alguém que aceite colocar-se nesta situação de ignorância
primordial.
Um dos livros bíblicos
a respeito da sabedoria, o Eclesiastes, diz, na interpretação
de São Jerônimo, que tudo é vaidade. É
com o seu Vanitas vanitatum que ele traduz o havel havalim
hebraico. Lacan mesmo não foi insensível a essa afirmação, valorizando
a letra na sua escrita original: לבה. Havel, traduzido por vaidade,
é mesmo o hálito, o sopro que se transforma
em voz. E Qohélet – o poeta que sabe – faz havel rimar
com ruah, com o vento. Haroldo de Campos
dirá que
temos fome de vento. Eis aí uma das origens da angústia,
como nos diz Lacan ao final de seu seminário. Jones mesmo se viu
na contingência de elaborar a conceição
da Madona pela orelha através desse sopro.
Não há
dúvida de que a palavra fecunda. Mas a palavra que nasce da
palavra já não é mais a mesma palavra. Não
nascemos, enquanto sujeitos, do mesmo, nascemos do Outro simbólico.
Ainda mais, para seguir seu curso, a palavra nascida da palavra precisa
ser tomada em sua diferença. Talvez por isso a
psicanálise precise sempre ser reinventada.
Na busca de uma garantia de boa formação,
os analistas têm inventado dispositivos para assegurar-se do momento certo
para autorizar um candidato a tornar-se analista. Mas, como se diz,
echa la ley, echa la trampa. Ricardo Estacolchic,
de saudosa lembrança, por exemplo, conta-nos que, conversando
sobre o tema com um colega de São Paulo, ouviu o seguinte relato:
quando os aspirantes a analistas foram aí informados de que,
para tornarem-se analistas, era preciso passar pelo fim de análise,
os finais de análise começaram a ser produzidos em cataratas.
Não é difícil constatar que a quantidade certamente
implicará em uma perda da transparência, pois catarata
também é isso. Ricardo estava ocupado, nessa época
(1992-93), com o Jurado de Nominação de A.M.E., na sua
Escola Freudiana de Buenos Aires, e era de opinião que o melhor
critério era o de ler atentamente a produção escrita
e publicada dos indicados para ver como se colocavam em relação
a este quesito da ciência x insciência. Preferia isso a
escutar as apresentações, face às quais não
é difícil ficar tomado por sentimentos estéticos
de fascinação ou rechaço. Apesar de a leitura não
ser mais fácil, ele ainda preferia esse recurso. Assim, lhe parecia
mais fácil vencer a tendência a rechaçar um texto
que não estivesse escrito dentro do código da paróquia.
Outros textos são tão complicados que fazem lembrar Kepler,
cujas notas, dizem, são tão intrincadas que é mais
fácil ir procurar suas leis diretamente no céu do que em
seus manuscritos. Mas o que parece é que a grande maioria dos soi
disantes analistas não têm publicações
suficientes para serem examinadas, isso quando as têm.
Frente à insegurança,
o mais fácil é repetir conceitos reconhecidos por seu
acento lacanês. Aceder à posição
de ignorância a priori é o mais difícil de
assumir-se, mas essa insciência deve ser o mais real da posição
do analista, na medida em que, sem a insciência, sem alcançar
essa ignorância, não é possível chegar a
uma mínima compreensão do que está em jogo.
Quando proponho aos
meus alunos que escrevam, que apresentem seus trabalhos, faço-o
convencido de que é assim que melhor aprendem. É assim
que, a cada tanto, o analista renova seus laços com a psicanálise,
estes laços que na Bíblia aparecem como bérit,
sendo renovados, de tempos em tempos, entre Elohim e seu povo. Gosto
da comparação. É através desses laços
que podemos reconhecer em que discurso se encontra o analista.
Assim, quando o Santo
faz a apologia da vaidade, não podemos esquecer que
ele está falando da qualidade do que é vão, que
está falando da importância do vazio - eu diria da incompletude,
da falta, vale dizer,
do falo.
Na análise,
trata-se de mudar o valor da falta, dando a isto que falta uma certa
legitimidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ESTACOLCHIC, R. Apuntes Clínicos de um Psicoanalista.
Buenos Aires, Lugar Editorial, 1994.
FREUD, S. Recordar, repetir e elaborar [1914]. Rio de Janeiro,
Imago, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas
Completas de Sigmund Freud, vol. XII, s.d.
LACAN, J. L’Angoisse [1962-63]. Seminário inédito.
Aula de 3.07.1963.
LACAN, J., Allocution prononcée pour la cloture
du congrès de l’École freudienne de Paris, le 19 avril
1970, par son directeur. Scilicet, nº 2/3, Paris, Seuil,
1970.
SAFOUAN, M. Interpretación de los sueños.
In Cuadernos Sigmund Freud, nº 8, Escola Freudiana de Buenos Aires.
Notas Psicanalíticas:
01
(Os antecedentes do sujeito); 02 (O positivo e o negativo);
03 (Por que a Psicanálise?);
04
(A linguagem e os distúrbios emocionais); 05 (Sobre a ética da
Psicanálise); 06
(A Psicanálise e a Literatura); 07 (A moeda gasta)
2012
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Não há a realidade
sem a linguagem! Na impossibilidade de compreender
o mundo em que vivemos, cercamo-nos de metáforas
e vivemos ao seu abrigo. Mas como as soluções
são sempre provisórias, característica
primeira das metáforas, o problema é
quando elas viram sintagmas cristalizados, metáforas
petrificadas, momento em que se imagina poder morar para
sempre nos tropos da retórica, a salvo
da realidade.
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SINOPSE
Um elefante em
Albany Street comenta cinco diferentes formas narrativas: Epopeia, Teatro,
Conto, Poesia e Romance. Em sua análise, percorre obras que vão
desde a clássica Odisseia e sua paródia, o revolucionário
Ulisses, passando por Chesterton e Molnár, até os mais contemporâneos
e próximos, como Ana Mariano, Assis
Brasil, Erico Verissimo, Cristovão Tezza
e Vargas-Llosa, entre outros. Comparando as traduções
com os textos originais, procurando o sentido encoberto,
por vezes nos textos de outros autores citados, resgatando
antecedentes, ou ainda buscando ler nas entrelinhas, mesmo
por entre as palavras, e até nos diastemas, Luiz-Olyntho
Telles da Silva detecta em cada autor as influências
de sua formação – entre as quais vê
preponderarem as autoridades de Dante, Goethe e Flaubert
– e desvela, com nova abordagem crítica, as mensagens
dos diferentes textos cujos ensinamentos servem tanto ao
escritor que quer aprimorar a arte da descrição
como ao homem que está continuamente aprendendo a viver. -
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crítica de
DULCINEA SANTOS
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