Luiz-Olyntho Telles da Silva Psicanalista

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Os suspiros do rei de Sião

Luiz-Olyntho Telles da Silva
agosto / 2013

Para Bryan Parsley
One authentic sea diver


Contam que quando Salvador Dali foi convidado a dar uma conferência sobre sua arte, o surrealismo, ele teria encomendado de uma loja especializada, em Londres, um escafandro. Ao lhe perguntarem para que profundidade iria necessitar essa armadura, respondeu: - Um escafandro que me permita descer às profundezas do inconsciente.
(PAULO BRANDÃO, Relato pessoal.)









Falar da paixão, como de qualquer tema complexo, não é assunto fácil. Não esperemos acordo entre os dicionaristas. Houaiss nos dá como primeiro sentido o sofrimento de Cristo na cruz. Aurélio registra, de entrada, um sentimento ou emoção levados a um alto grau de intensidade, sobrepondo-se à lucidez e à razão. Rodrigo Fontinha, no Porto, privilegia um sentimento ou afeto violento, como amor, ódio, ira, ciúme, inveja, etc. Os fatores que levam cada autor a começar por uma ou outra ponta são inextrincáveis. Sua etimologia, do latim passĭo, ōnis, em todo o caso, conota, sem dúvida, uma emoção levada a um alto grau de intensidade. São esses sentimentos que não raro marcam nossa vida! Entre os estudiosos do tema, Lacan, ao amor e ódio, acrescentou a ignorância. Verdade que, quando queremos avançar em algum tema, tomar a ignorância como premissa costuma ajudar. E não é raro que nos leve aos lugares mais inusitados.

Reconheço no mergulho
, desde a juventude, uma de minhas grandes paixões. Como disse Jacques-Yves Cousteau: Depois de lançar seu feitiço, o mar prende a gente em sua rede de maravilhas para sempre. O feiticeiro foi meu padrinho, ao marcar meus doze anos presenteando-me um snorkel e um par de pés-de-pato.

Fui um autodidata nos mergulhos de superfície! Para começar a mergulhar mais fundo, com cilindro, frequentei uma dive school, onde começávamos mergulhando em piscinas para depois ir ao mar, e logo obtive meu C-Card. Hoje, depois de ter frequentado a maioria dos cursos oferecidos ao redor do mundo, minha licença internacional (PADI Open Water Diver) alcançou o grau de Instrutor de mergulho noturno. Três horas depois do escurecer os peixes dormem e podemos observá-los mais de perto, com maior detenção, enquanto sonham.

Meu outro amor é minha mulher. Conheci-a no início dos mergulhos mais profundos. Estávamos em um barco pequeno a caminho de Molokini, distante quatro quilômetros de Maui, no Havaí; íamos descobrir o braço submerso da cratera, o famoso Reef’s End. A cento e sete metros de profundidade, uma miríade de golfinhos brincalhões e logo um casal de jamantas, cada uma com mais de seis metros de envergadura. Foi na volta, quando ela comentava, ainda no barco, sobre a dança do amor dessas mantas birostris, prévia ao acasalamento, que nossos olhares se cruzaram. Ambos entusiastas, embora de diferentes procedências - ela se dedicava a oceanografia e eu havia me tornado um especialista na construção de diques e quebra-mares -, logo nos enamoramos. Desde então, sempre mergulhamos juntos! Encantamo-nos com o balé de um polvo em Cozumel. Tivemos a sorte de mergulhar ao lado de um tubarão-baleia, em Belize, e ajudamos a desmistificar a ferocidade dos tubarões brancos, estigmatizada no clássico de Spielberg, mergulhando com eles, sem a proteção das gaiolas de ferro, em Gansbaai, na África do Sul. Uma vez, quando estava em Port Said, fazendo um trabalho para a Companhia de Administração do Canal de Suez, uns amigos nos convidaram para repartir o aluguel de uma van e ir mergulhar em Sharm El Sheikh. E lá fomos nós, sacolejando por quinhentos quilômetros em direção ao extremo sul da península do Sinai, para encontrar, no litoral da antiga Ofira, aos pés do monte onde Moisés recebeu as tábuas da lei, os mais lindos corais do mundo e cardumes e cardumes dos mais variados peixes coloridos que se possa imaginar. Na volta, o motorista maluco, como parecem ser todos eles naquela parte do mundo, ainda inventou de nos levar a Petra, na Jordânia, mas isso, como costumava dizer o bartender do memorável Irma, la douce, já será outra história.

Agora, uma coisa temos de dizer: de todos os lugares que já estivemos, incluídos as paredes de Fernando de Noronha, os naufrágios em Pirapama, no Recife, e também em New Providence, nas Bahamas, as cavernas de Bonito, o multicolorido fundo de Bonaire, o lago aquário de Bora Bora, o parque marinho Baie Ternay, nas Ilhas Seychelles, com seus exóticos camarões-gafanhotos, peixe palhaço e cavalos marinhos, Santorini, onde ainda se pode caçar um mero, e outros lugares que já não lembro, nada se compara, para nós, ao mergulho na Tailândia. Faz-se aí todo o tipo de imersão, dos mais simples, na protegida ilha de Ko Tao, dentro do golfo, aos mais complexos, como na ilha de Ko Phuket, por exemplo, no Mar de Andaman, por entre uma variadíssima fauna, desde os coloridos corais duros e moles, até, digamos, a cardumes de tubarões-leopardo, que se não são enormes, são lindos, e ainda arraias, tubarões-baleia, os destroços do ferry King Cruise, uma jubarte, com sorte, sem falar nos infindáveis peixinhos multicoloridos.

Mas não é só isso! A doçura do povo tailandês é demais. Não é a toa que é conhecido como o país dos sorrisos. Nunca nos sentimos tão bem recebidos como aí! Sua história é também um convite ao mergulho. Quem não se lembra de O rei e eu, de Walter Lang, com Yul Brynner imortalizado no papel do autocrático rei Mongkut? Habitado desde dez mil anos antes da nossa era, é bem provável tenha sido aí, no vale do rio Mekong, que tenha começado a agricultura. Quatro mil anos a.C., já cultivavam arroz; menos de mil anos depois, conheciam a metalurgia do bronze. A pujança desse rio é incrível. Recentemente foi pescada nele uma raja gigante de duzentos quilos, a maior do mundo encontrada em água doce. Na sua foz naufragou Camões junto com os manuscritos de Os Lusíadas.

Uma vez fomos assistir no teatro Siam Niramit, em Bangkok, ao balé Nora, típico da zona sul do país. Elegante, gracioso e animado. Seu ritmo alegre levou-nos a esticar a conversa durante o jantar. Era uma noite muito agradável e fomos caminhando ao Khinlom Chom Sa Phan, não muito longe do centro, junto ao rio Chao Phraya. Enquanto nos deliciávamos com caranguejos, depois de uma entrada de vieiras, com aquela pimenta bem deles, impressionados com uma certa pompa, de influência inglesa?, começou clarear para nós a diferença entre o balé que tínhamos acabado de assistir e os bailados do norte. Nora conta uma história de amor. Em um momento são muitos pares, mas depois é só um que importa. Os movimentos, o ritmo, a alegria, uma descrição de seu modo de amar! Era nosso aniversário de casamento e pedimos duas taças de champanhe para brindar. Fomos tomá-la no terraço. Apesar de já ser bem escuro, as luzes de uma ponte high-tech, logo ao lado, permitiam ver o vai e vem dos grandes e lentos barcos. Pareciam as danças do norte. Elas são mais suaves, celebram o trabalho agrícola e os ritos religiosos. Mas não se pode negar que são todas encantadoras. Reencontramos os mesmos movimentos nas esculturas das paredes em estuque dos santuários, e também em bronze. Aliás, havíamos recém comprado uma miniatura em uma loja no interior do teatro, antes do espetáculo, e seu movimento gracioso, sobre a mesa do jantar, inspirava nossa conversa. A influência de Buda vê-se por todas as partes. Em um templo em Borabu, por exemplo, no interior de Khon Kaen, muito parecido com o Wat Chedi Luang, situado no centro histórico de Chiang Mai, embora menos visitado, em algumas noites quentes, os homens honestos podem ver, passeando por seus frisos externos, a deusa Tara, toda nua.

A fama do lugar era tanta que muitos vinham na esperança de contemplarem tão bela e fugaz visão. As descrições da deusa superavam-se umas às outras. E os homens, talvez buscando para si essa inencontrável beleza, casavam-se com uma mulher depois da outra, formando infindáveis haréns. O rei atual, Rama IX, há mais de sessenta anos no poder, tem apenas um filho com sua esposa, mas alguns de seus antecessores, quando o país ainda se chamava Sião, como o rei Nagklao, Rama III, teve cinquenta e um filhos com diversas consortes, um costume tanto mais comum quanto mais antigo. Margaret Landon, quando nos conta o sufoco vivido por Anna Leonowens, na corte de Mogkut, em Ana e o rei, dá-nos a entender que o olhar do monarca determinava a cada vez uma nova amante. Ah! Não deveria ser fácil ter que escolher a companheira de cada noite! E naquelas, então, que só queria dormir, como fazer? Por certo haveria de dar longos suspiros. Machado de Assis contou uma vez que as estrelas, quando viam subir, através da noite, muitos vaga-lumes cor de leite, costumavam dizer que eram os suspiros do rei de Sião que se divertia com suas trezentas concubinas. Tratava-se por certo do período Ayutthaya, cuja prosperidade ajudou a definir o país de hoje. Uma noite, suspirou tanto o rei Kalaphangko, e foram em tal quantidade os vaga-lumes, que as estrelas, de medrosas, refugiaram-se nas alcovas, e eles tomaram conta de uma parte do espaço onde se fixaram para sempre com o nome de Via-Láctea.

Fascinados, minha mulher e eu, hoje, mergulhamos nas estrelas

 



Bryan Parsley: Peixes e corais, Koh Bon, Tailândia - Fev. 2005

   







CRÔNICAS DO AUTOR:

07.07.2013: Transitoriedade @
11.03.2013: Amor sem fim
@

05.03.2013: O engano de Calvero @
06.02.2013:
Garrafas ao mar @
27.11.2012:
O belo gesto do maestro @
03.08.2012:
A Messias @
26.07.2012:
Maria e Herodes @
23.12.2011:
Ler é uma grande aventura @
05.12.2011:
Iluminura turca @
12.08.2011:
O rapto de Lucrecia @
13.06.2011:
Shirin Ebadi e o exílio @
1º.06.2011:  
Música, Maestro! @
25.03.2011:
Almas à venda @
31.07.2010:
Corra como um coelho @
28.05.2010:
Um tablao flamenco @

15.03.2010: Os vizinhos @
15.01.2010: Tsuru  @

31.12.2009:  Pombo de papel @
30.12.2009:  A quebra-nozes  @































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Fortuna crítica:
12.08.2013
Querido escritor
 
Me encantó Os suspiros do rei de Siao.  Muy bien escrito, es siempre placentero viajar en las letras de un buen escritor.
 
Nos sumergiste (¿se dice mergulhaste?), en un mundo diferente, bello, ahí donde el cuerpo ya no pesa lo mismo, y el alma está en estado de gracia.
 
Felicitaciones, un abrazo
 
                Ric.*
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*RICARDO LANDEIRA é psicanalista. Mora em Montevidéu.

13.08.2013
Começa o conto falando da Paixão, da dificuldade de defini-la, mas a narrativa, uma quase-crônica  - o contista é um pescador de momentos singulares cheio de significação (A. Bosi) -, de grande força expressiva, em movimento crescendo, vai nos revelando o sentido desse sentimento em sua versão nobre. Tem razão, sim, não é tão fácil conceituá-la racionalmente. Se o logos que a define, por exemplo, é o tomado pela psicanálise, no sentido que lhe empresta o poema de Tudal - Entre l’homme et l’amour, Il y a un monde... -, ainda não temos traduzido merecidamente o Eros grandioso dos Gregos,  de que o personagem fora tomado. Mas, se nos Gregos antigos buscarmos sua noção, então é possível, sim, distinguir justamente o trajeto desse mergulho amoroso, desde a superfície rasa das águas até às regiões mais profundas desse mar agora profundamente experienciado... Luc Ferry, em A Revolução do Amor, discorre sobre três termos gregos que definem esse sentimento humano. São eros, philia e ágape. Eros - não aqui em sua face de grandeza, mas o eros dos desejos sensíveis -, diz, é o amor que toma e consome, o amor que se alimenta mais da falta do outro do que de sua presença. Philia, explica, ao contrário, significa amizade, mas compreende também o amor entre um homem e uma mulher. Philia é a alegria gratuita, desinteressada, que sentimos com a simples existência do outro. Ágape, por sua vez, é o amor cristão, aquele que impulsiona o desinteresse e a gratuidade ao extremo. E L.F. argumenta, concisamente: se eros é o amor que toma, philia é o que compartilha, agape é o que dá. Torna-se mais fácil ao leitor então definir racionalmente a espécie de paixão de que fora tomado o personagem, especialmente ao ler este trecho do conto, seguindo o perfeito movimento interno de suas partes, mestria do contista, e depois de ouvir aos Gregos: Foi na volta, quando ela comentava, ainda no barco, sobre a dança do amor dessas mantas birostris, prévia ao acasalamento, que nossos olhares se cruzaram. Ambos entusiastas, embora de diferentes procedências - ela se dedicava à oceanografia e eu havia me tornado um especialista na construção de diques e quebra-mares - logo nos enamoramos. Desde então, sempre mergulhamos juntos! Pois então, Amor, Paixão, ou Philia,  não é movimento do igual em direção à união com o igual, como assim entendia, também, o sábio Pitágoras?

Uma homenagem muito bonita a Glória, escrita às vésperas de seu aniversário. Peço que lhe transmita meus Parabéns.
           
                Dulcinea Santos*
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*DULCINEA SANTOS é escritora e crítica literária. Mora em Recife.

28.08.2013
Caleidoscópio
 
  A essência humana se repete até o eco dos mitos. Os pontos articulados em novas composições permitem olhar para as coisas de diferentes perspectivas sob a maestria do personagem. Alguma vez, disposto a mudar tudo se a possibilidade se apresenta. Na arquitetura do bom texto há vocação para coautoria ilimitada. A narrativa determina vértices aos deslocamentos do personagem e abre possibilidade de outros distintos além do lugar onde concebidos.  À semelhança do caleidoscópio¹, o processo não busca imagens pré-definidas como resultado. Abandonar o controle é o exercício. 
 
  A primeira leitura de Os suspiros do rei do Sião, numa manhã de domingo, saborosamente cumprida e breve nos comentários imediatos. Permanecem como daimon em Platão² os vértices assinalados: escafandro, aqualung, Kalaphangko.
 
   Não é incomum dizer que o chamado método “paranóico-crítico” encontrou a melhor representação na personalidade excêntrica de seu criador – Salvador Dalí.  A epígrafe, vivenciada pelo artista, sugere impossível relação efetiva do inconsciente com a realidade. A proteção impermeável (escafandro) admite o transbordamento das representações delirantes e alucinatórias do pintor e artista múltiplo no estado de apagamento do intelecto para centralidade das obras em pintura - quase sempre manifestações de universo onírico e bizarro, qualidade extraordinária em cores vivas, luminosidade e brilho.  Dali fez outros trabalhos como cenários para teatro e cinema, gravuras, ilustrações, murais e até joias, esculturas, como o busto de Dante, em 1965.

  A extravagância de Dalí, recentemente exposta no canal arte1. Em filme autobiográfico (série Documenta) a cena final é o escafandrista Dalí andando de costas até submergir. Outra via, em tom mais conciso (série Biografia), a vida real exercida por Dalí e Gala. Excede qualquer discurso, transborda-nos para dentro, assistir La Verità. Ao fim do espetáculo, tumulto de emoções e unidade de encantamento. Diz o material de divulgação em Zero Hora: “Salvador Dalí (1904 – 1989) imaginou muitas cenas delirantes. Mas talvez nunca tenha pensado em rinocerontes tocando piano. Ou em si mesmo como personagem de um megaespetáculo de circo e teatro como La Verità. (...) a montagem da Companhia Finzi Pasca brinca com os delírios visuais do surrealista espanhol e traz ao público uma pintura dele que esteve fora de exibição por seis décadas. Trata-se de Tristão e Isolda, tela de 15m x 9m que serve de cenário para a montagem inspirada na obra de Dalí, (...). A tela vira centro da cena e pretexto para ações de palhaços, que organizam uma espécie de leilão da obra. Em outras sequências, a flor dente-de-leão, que cobre o rosto de Tristão, surge gigante na mão do elenco, num imenso jardim que sai da tela para o palco. Em movimentos trôpegos, há também um divertido balé de atores com máscaras de Dalí. (...) O surrealismo tem a ver com a linguagem da acrobacia. O gesto acrobático é a tradição da iniciação, de controle e comunicação com o corpo. Há coisas estranhas nesse espetáculo que não se podem explicar, (...). Nessa fusão, emerge uma montagem que dispensa narrativa linear (...). Além das sequências de imagens oníricas, La Verità tem trilha que concede espaço para música feita a partir de copos com água, guitarra e piano, (...) Tudo com muita precisão, em busca da excelência cênica”.

   Cem gravuras de Salvador Dalí ilustram a Divina Comédia, em São Paulo, 31 de agosto\ 09 de setembro de 2013. Eis o ponto de contato: os sonhos!  Encerra-se a epígrafe.
   
Voilà!  Tutti pronti!
 
  Com precisão e equilíbrio, a narrativa. A epígrafe prossegue no suave Mundo Silencioso de Cousteau³. Vindos das profundezas - cada um com singular encantamento - enlaçam transietoridade ao amoroso deslocamento definitivo do gesto mais simples ao mais complexo.
 
  Mas não é só isso! Há mistura de ficção e realidade num fascinante jogo de ideias ao trazer a figura de Kalaphangko às vistas do leitor. Machado de Assis, com extrema sutileza, ao metamorfosear corpo e alma, suspiros em valagume’strelas. Em As Academias de Sião o fantástico explícito se traveste de situações alegóricas. Na visibilidade cinematográfica sobre o tema, interesse pelo conhecimento da ciência e da tecnologia ocidentais. Relógios e termômetros nas paredes dos corredores do palácio, observatório nos jardins da residência. Contam presença de equipe de astrônomos franceses e outros cientistas europeus para derrubar a crença popular entre os tailandeses de que o eclipse seria um prenúncio de coisas más. E foi. O Rei morreu de malária em consequência da expedição.
                                       
La verità!
 
  Desenigmam-se: escafandro na transluminação das figuras submersas; aqualung e vagalume’estrelas mergulham.  Há daimon transitando na admirável composição do texto. Mescla de paixão, ternura, associando fatos, autores, referências - árvore da cabala (growing down). O bom narrador conclui e deixa ao leitor identificar-se com ele para desvelar novas possibilidades, penso.
 
Virgínia.*
26.08.2013.
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¹ - caleidoscópio ou calidoscópio é um aparelho optico, inventado na Inglaterra, em 1817, pelo físico escocês Dawid Brewster (1781-1868); consistia em um tubo com pequenos fragmentos de vidro colorido e três espelhos que formavam um ângulo de 45 a 60 graus entre si. Os pedaços de vidro refletiam-se nos espelhos, cujos reflexos simétricos, provocados pela passagem da luz, criavam a imagem em cores.
 
² - na obra de Platão “A República” encontramos o mito de Er e, dentro desse mito, é tecida a trajetória do daimon – espírito, anjo, guardião, alma.
 
³- Cousteau foi um dos inventores, juntamente com Émile Gagna, do aqualung, equipamento de mergulho autonomo que substituiu os pesados escafandros. Jacques Cousteau consquistou o Oscar em 1956 com o documentário O mundo silencioso, filmado no Mediterrâneo e no Mar Vermelho. Em 1965, Cousteau criou uma casa submarina onde seis pessoas viveram por um mês, a cem metros de profundidade.

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*VIRGÍNIA HELENA VIANNA DA ROCHA é advogada, poeta e escritora. Mora em Porto Alegre.